A juíza Andrea Cristina Rodrigues Studer, da 5ª Vara Criminal da Comarca de Florianópolis (SC), condenou a jornalista Schirlei Alves, do jornal The Intercept Brasil e vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, em dois processos, estabelecendo penas que resultam em um ano de detenção em regime aberto e R$ 400 mil de multa. Schirlei foi condenada por denunciar, em reportagem, as condutas do promotor Thiago Carriço e do juiz Rudson Marcos durante o julgamento do empresário André de Camargo Aranha, acusado de estuprar a influenciadora digital Mariana Ferrer, em um clube de luxo na capital catarinense. As ações foram impetradas pelo juiz e pelo promotor. A reportagem baseou-se em vídeos gravados da audiência de instrução, que mostram que Mariana Ferrer foi humilhada e constrangida pelo advogado de defesa do acusado, Cláudio Gastão da Rosa Filho, sem qualquer reação por parte das autoridades presentes. O juiz Rudson Marcos foi formalmente advertido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) na última terça, dia 14 de novembro, por ter agido de forma negligente ao permitir e perpetuar a humilhação de Mariana Ferrer durante o julgamento. O caso teve ampla repercussão e a reportagem de Schirley, publicada em 2020, contribuiu para o esclarecimento da população e para a pressão social que resultou na aprovação da Lei Mari Ferrer. Em vigor no Brasil, a lei prevê punição para atos contra a dignidade de vítimas de violência sexual e das testemunhas durante julgamentos.