A redação do jornal Cruzeiro do Sul sofreu censura prévia e assédio moral por parte do promotor de
Justiça da Vara da Infância e Juventude local, Antônio Domingues Farto Neto, também membro do Conselho Consultivo da Fundação Ubaldino do Amaral (FUA), entidade mantenedora do jornal. Em 28 de abril, dia de greve geral no país, o promotor foi à redação do jornal e, após afirmar que o êxito da greve era responsabilidade da cobertura que o jornal vinha fazendo, disse também que era preciso “limpar o desserviço feito”. E ordenou que a cobertura da greve fosse negativa. Farto Neto chegou a determinar a manchete do dia seguinte: “Paralisação prejudica trabalhador sorocabano”. O editor-chefe José Carlos Fineis estava afastado por motivos de saúde e o presidente do Conselho Administrativo da FUA e diretor-presidente do jornal, José Augusto Marinho Mauad (Gugo), estava licenciado. Em protesto, os jornalistas do diário decidiram que as edições seguintes ao ato de censura circulariam sem o Expediente, local em que são divulgados os nomes dos responsáveis pelo jornal.